Pashupatinath foi um dos lugares mais impactantes na minha viagem ao Nepal. Localizado em Kathmandu, é um dos templos mais importantes para os hindus no mundo todo. Um lugar de culto e peregrinação visitado anualmente por milhares de devotos. Por conta do legado e significado religioso, história e coleção de templos, Pashupatinath é reconhecido como Patrimônio Mundial da UNESCO.

Sadhu em Katmandu

É dedicado ao deus hindu Pashupati, que é considerado o protetor do universo e a divindade padroeira do Nepal. Visitar Pashupatinath é imergir em tradição, cultura e religião do povo nepalês que segue o hinduísmo há muito tempo. Uma profusão de cores, sons e cheiros. Lá, além de templos, se pode observar os sadhus e cerimônias de cremação ao ar livre à beira do Rio Bagmati.

Templos em Katmandu
Templos em Katmandu

Uma Breve História do Templo de Pashupatinath

A data histórica de fundação do templo é do século XIII, embora haja evidências que o templo original foi construído por um rei que governou o vale de Kathmandu entre os anos 464 e 505 dC. Essa construção original teria a forma de uma “linga” que é a representação dos órgãos genitais masculinos, por sua natureza cósmica e divina.

A linga é representada como uma coluna cilíndrica de pedra que, na tradição hindu, simboliza a natureza eterna e imortal de Shiva, um dos três principais deuses do hinduísmo. É também entendida como uma representação da unidade e da continuidade do universo, pela qualidade de procriador de Shiva. Do outro lado do rio existem vários pequenos templos enfileirados com Lingas e Yonis de pedra, representando falos e ventres.

Arquitetura do Templo

Do ponto de vista arquitetônico, não vi nada de excepcional em Pashupatinath. É um complexo de 518 templos, imagens, ashrams e ghats (locais de cremação) ao longo das margens do sagrado rio Bagmati. O templo principal tem arquitetura de estilo Pagoda com telhados de dois níveis de cobre com cobertura de ouro e quatro portas feitas de folhas de prata. As vigas de madeira esculpidas, trazem esculturas com representações de deuses e deusas, fazendo uma variedade de poses.

Pashupatinath templo em Katmandu

Somente hindus são permitidos dentro do templo principal. Hindus de ascendência ocidental e não-hindus têm acesso restrito ao pátio do templo. Mas você pode observá-lo do outro lado do rio Bagmati, como eu fiz.

Sadhus em Pashupatinath

Encontrei muitos Sadhus em Pashupatinath, que são considerados mestres espirituais. Eles são como monges andarilhos que renunciam à vida mundana, abandonam família e todos os seus bens materiais, em busca a alcançar “mokṣa”, o quarto e último estágio da vida. São respeitados por sua dedicação à vida espiritual por meio da meditação e contemplação de Brahman, buscando alcançar a iluminação e a união com o divino. São conhecidos por suportar condições adversidades com serenidade e determinação.

Sadhu em Katmandu

Vivem em cavernas, florestas e templos hindus por toda a Índia e Nepal. Costumam usar roupas cor de açafrão, simbolizando sua renúncia.  São conhecidos por suas dreadlocks, longas barbas, túnicas simples e vida nômade.

Entendendo a morte em Pashupatinath

Foi em Pashupatinath que tive uma das experiências mais marcantes durante a viagem como essa. Após assistir à uma cerimônia de cremação fiquei extremamente reflexiva sobre a forma como eles veem a morte, como uma parte natural do ciclo da vida. Embora obviamente haja muita dor e luto, na tradição hindu a morte não é o fim, ela marca a transição de uma existência temporária e a preparação para uma vida nova. É vista como um momento de passagem e de renascimento. 

cremação em katmandu

De acordo com a religião deles, o hinduísmo, a alma é considerada imortal. Quando o corpo físico morre, a alma é libertada para reencarnar em outro corpo, começando assim uma nova oportunidade para evoluir espiritualmente e se aproximar da libertação final, o momento de união com o divino.

Pashupatinath Katmandu

É exatamente isso que me atrai e me encanta numa viagem ao Nepal, com uma cultura tão forte e diferente. Vivenciar esse tipo de experiencia, ver uma cremação de perto, conversar sobre morte foi uma grande oportunidade para rever pré-conceitos, julgamentos e expandir minha consciência. Oportunidade para aprender uma visão diferente e despertar para aquilo que ainda não sei. Para compreender que “eu não sou este corpo, mas, sim, uma alma espiritual”. Oportunidade para pensar na morte como um caminho para a eternidade. Aprender e respeitar outras crenças e formas de pensar tão diferentes da nossa. Esse é o motivo pelo qual amo viajar.  

Os rituais de cremação

E para ajudar as almas a encontrar paz, facilitar sua jornada após a morte, os hindus realizam rituais fúnebres. A cerimônia mais importante é o momento que queimam o corpo com o fogo que pra eles é um elemento purificador da alma. Eles acreditam que, quando uma pessoa morre, o Senhor Agni, Deus do Fogo, virá para purificar o corpo e libertar a alma, que assim pode seguir o seu caminho. Se o corpo não é queimado, ele impede a alma de seguir para seu próximo destino. É por isso que os rituais fúnebres da religião hindu costumam ocorrer quase imediatamente após a morte da pessoa, para que sua alma seja libertada para outra dimensão de forma rápida e tranquila e possa encontrar o caminho da reencarnação.

cremação hinduismo nepal

Para os hindus Pashupatinath é um lugar sagrado. Ser cremado lá é uma dádiva de grande importância, pois se acredita que as almas dos falecidos que são cremadas ali alcançam a libertação imediata e a união com o divino. Além disso, a cremação em Pashupatinath também é vista como uma honra ao deus Shiva, pois acredita-se que ele habita o templo e preside sobre as cerimônias funerárias.

Como foi a cerimônia de cremação em Pashupatinath

Vi o corpo do falecido sendo transportado até a beira do rio, onde foi lavado, vestido, besuntado em óleos para queimar mais rápido e adornado com flores. Depois a família e os amigos carregaram o corpo até um ghat, o local da cremação, que estava preparado com madeira, palha e flores. O corpo foi colocado na pira funerária e o fogo, que simboliza a passagem da vida terrena para a vida espiritual, foi aceso.

cremação hinduismo nepal

Geralmente é o filho mais velho que acende o fogo, e depois disso ele fica “intocável” por 13 dias. A cremação começou pela cabeça, mas antes ele teve que dar 3 voltas ao redor do corpo. Parte do ritual. Ao final, as cinzas foram jogadas no rio Bagmati, que corre ao lado do templo, e é considerado sagrado. Acredita-se que jogar as cinzas no rio também ajude a viagem da alma para o outro mundo.

Pashupatinath Katmandu

Então, o filho que conduziu a cerimônia teve que ficar de luto por treze dias, durante os quais deveria vestir apenas roupas brancas e permanecer isolado. O mesmo tipo de ritual também é feito em Varanasi, na Índia, às margens do Rio Ganges, o mais famoso e sagrado rio hindu.

Não há como negar que é impactante ver de perto corpos sendo queimados e entendo perfeitamente que essa é uma experiência estressante e de sobrecarga para a maioria das pessoas. Mas, para mim, como falei antes, foi um momento de muita reflexão e aprendizado. E você, o que achou? Entre em contato comigo pelo Instagram @viagenseoutrashistorias ou deixe uma mensagem na caixa de comentarios abaixo do texto.

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Se tiver qualquer duvida

Uma ótima viagem e volte sempre!

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